terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

TODOS os religiosos são e não são

Ainda revendo o que tratamos: explicamos o próposito deste blog sobre a análise de discursos de religiosos, entendemos o que são afirmações, persuasões, asserções e argumentação. Vimos como esses quatro conceitos são desenvolvidos quando o assunto é religião nas manifestações de pessoas que têm fé em deus. Também tratamos de 3 exemplos claros de formas de argumentar dos religiosos (cíclica, com apelo popular e utilitarista), bem ou mal intencionadas, mas que mostram a pobreza da conversação dessas pessoas, que dizem explicar algo, mas na verdade estão lançando mão de outras estratégias como a ameaça e o preconceito expressos linguisticamente.

Resumi isto porque vamos começar a falar dos vários tipos de argumentação de raciocínios de religiosos, o que despenderá várias postagens, mas é importante que, antes, tenhamos uma noção do que foi relembrado no parágrafo anterior. Além disso, há um fator fundamental para se compreender e que é absolutamente crucial quando tratamos de lógica informal e que os conceitos anteriores também ajudam: quando falamos de algum/alguns sujeito/sujeitos, de quem realmente estamos falando? A pergunta não é boba, embora aparentemete seja. Veja nos exemplos seguintes a explicação.

Quando se fala "Os ateus são pessoas sem limite" de quem estamos falando? De todos os ateus que existem na face da terra? Das pessoas que você considera ateus, mas que elas próprias não se consideram? Daqueles que você não acha que são ateus, mas que realmente são? Você pode ouvir alguém dizer que é ateu - isso acontece muito - e até dizer depois "você falou isso, mas no seu interior você acredita" ou "você diz isso para apenas aparecer, mas no fundo você acredita". Então, repensando a frase "Os ateus são pessoas sem limite", você está falando de pessoas que são algo ou têm determinado atributo de acordo com suas convicções, ponderações ou conforme as pessoas se declaram? Além disso, há as condições temporais: pessoas que eram religiosas e viraram ateus ou vice-versa, como seriam classificadas durante toda sua vida? Elas seriam essencialmente o quê? Veja nas tiras abaixo o que são todos de um certo ponto de vista.



A discussão do parágrafo anterior está na base do que foi necessário para se passar de uma lógica de predicados para uma lógica proposicional. Em resumo, de uma lógica através da qual podíamos constatar a verdade dos argumentos, relacionando todas as asserções e verdades chegando a uma conclusão, para uma lógica simbólica e estrutural que precisamos definir melhor as condições do que se fala, o que realmente se diz, a quantidade de pessoas que realmente estamos falando, onde elas estão etc. Ficará mais claro através de mais alguns exemplos a seguir.

1) "João é ateu" - aqui sabe-se quem é a pessoa e a relacionamos diretamente a um atributo, podendo-se constatar a verdade da afirmação, de acordo com a definição de ateu que se pensa no momento. Em uma lógica de predicados verifica-se se o atributo dado ao indivíduo é verdadeiro. Em uma lógica proposicional, sabe-se que João é um indivíduo X que tem um atributo A (ateu) e verifica-se se X é A. Nesse caso, a verdade ou falsidade da afirmação é universal e atemporal.

2) "Ateus são pessoas sem limites" - há indivíduos (ateus) com atributos (sem limites) na lógica de predicados. Na lógica proposicional existe um grupo com valores (todos os X de um grupo (ateus)) com atributos A (sem limites). No caso da lógica proposicional, falamos do grupo e não de indivíduos.

3) "Vamos todos rezar um pai nosso" - em uma reunião de grupo, quando alguém diz isso está se referindo às pessoas que estão no momento, a cada um dos indivíduos. Assim, nesta situação a lógica de predicados e proposicional coincide porque o universo dos indivíduos é aquele que está ali.

Considera-se que as situações 2 e 3 são mais problemáticas, pois em 2 não define-se realmente de quem se está falando e, em 3, força-se um situação para que as pessoas façam algo, independentemente das suas descrenças ou outros tipos de crença (xintoístas, muçulmanos, umbandistas etc). Aliás, outro dia um amigo evangélico me disse que o ruim para ele era quando um grupo tinha que rezar o pai nosso e depois se emendava dizendo "e agora uma ave maria". Sabe-se que os evangélicos não têm a mesma crença em maria como os católicos. Esses crentes católicos, então, forçam a barra, criando um TODOS daqueles grupos sem considerar os INDIVÍDUOS com suas crenças e discrenças diferentes. Há uma explicação sobre isso no que se chama o quadrado de Aristóteles. Exemplificaremos de acordo com a aplicação que estamos fazendo em nossas análises.



A = "Todo ateu é..." (afirmação universal)
E = "Nenhum ateu é..." (negação universal)
I = "Algum ateu é..." (afirmação particular)
O = "Algum ateu não é..." (negação particular)

As únicas afirmações totalmente contraditórias entre si são entre A e O e entre E e I. Em outras palavras, as que não podem ser verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. Entre A e E, por exemplo, podemos dizer "Todo ateu é imoral" e "Nenhum ateu é imoral", ambas serem falsas, pois pode ser falso todos serem e não serem imorais, já que podemos considerar os ateus em relação a amoralidade, mas não em relação à imoralidade - nada termos a dizer sobre moralidade. Já dizer ao mesmo tempo que ateus são imorais e, dentro deste conjunto, algum não ser (entre E e I), é, obviamente, impossível.

Para resolver essas questões, um filósofo chamado Frege usou a lógica para descobrir as bases da aritmética, criando uma definição simbólica mais ampla para as asserções, definindo símbolos específicos para TODOS, NENHUM, ALGUM, NÃO, E, SE, dentre outras condições específicas, criando exatamente uma lógica proposicional simbólica. Um outros filósofo chamado Russel escreveu uma carta para Frege, mostrando o maior paradoxo da história da lógica e muito do que se pretendia para formular uma lógica simbólica teve que ser mudado. A história é longa e interessante, mas não cabe aqui. O que é mais importante é que este fato fez com que a lógica como um estudo do raciocínio em geral passasse a ser as bases da matemática e da linguagem e depois fosse aplicada em várias outras áreas...

Como estamos nos atendo a uma pragmática da lógica, a um estudo da lógica informal aplicado às afirmações de religiosos, o que podemos concluir é o seguinte:

- afirmações como "TODOS/NENHUM ateus/religiosos" são altamente perigosas, mas às vezes são disfarçadas sem que usemos TODOS e falemos OS. Por isso, quando falo aqui de religiosos, não estou considerando todos, mas certamente a maior parte, constatando tal fato pela experiência pessoal e pelas afirmações que vejo divulgadas. Religiosos muito comumente, ao ouvirem que alguém é ateu, duvidam, perguntam a razão disto, dizem que no fundo os ateus acreditam em deus, forçam a barra dizendo que o deus é de todos sejam ateus ou não etc. Nunca vi um ateu dizendo que o crente é ateu, ou seja, falando forçosamente que ESTE OU AQUELE pertence ao seu grupo de TODOS. Todos quem? Nesse quesito, religiosos são claríssimamente autoritários.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Afirmações pobres de religiosos (lógica dos argumentos)

Sabendo que:

- está compreendido que estamos falando do discurso de religiosos neste blog e que
- antes de tudo, precisamos saber o que é uma persuasão, que nempre é feita nos diálogos dos religiosos através da compreensão, mas principalmente por meio de ameaças e apelos,

vamos agora nos deter no segundo tópico, que acho fundamental para qualquer estudo de linguagem e lógica, também na companhia dos exemplos perversos que a maioria dos religiosos insiste em propagar:


2) A diferença entre uma declaração e uma asserção (afirmação)

Uma asserção ou, como alguns lógicos simplesmente dizem, uma afirmação, é nada mais que uma declaração que pode assumir um valor verdadeiro ou falso, mas não ambos. É necessário se compreender que esta afirmação não precisa estar em concordância com ninguém. Em um debate entre ateus e religiosos, todos devem concordar no valor único de uma afirmação, que será verdadeiro ou falso e podem, inclusive, ter a mesma opinião sobre algumas afirmativas, até para se iniciar o debate. A maioria das pessoas concordaria que as seguintes declarações são ou verdadeira ou falsa:

a) "Dois mais três é igual a cinco"
b) "Há vida inteligente em outro planeta"
c) "É preciso praticar o bem"

Note que há valores identificados mais precisamente como o do item a, valores que as pessoas até concordam serem verdadeiro ou falso como o do item b, embora não tenham condições de provar, e valores pressupostos, embora a partir de termos vagos ou ambíguos, como "bem" no item c.

Portanto, o que importa em um discurso qualquer não são as afirmações tratadas isoladamente, pois muitas são até necessárias para que se mantenha ou inicie o debate. O problema em um discurso isolado ou em um diálogo é a maneira como desenvolvemos estas afirmações. Neste ponto, mais um conceito se faz necessário: o de argumento.

Pode-se definir em lógica informal o argumento como sendo uma série de afirmações, sendo que uma delas é a conclusão e as demais são as premissas. A conclusão é o objetivo do argumento, é a questão principal que se deseja atingir através da persuasão lógica expressa linguisticamente. A conclusão precisa ter um conjunto de razões identificadas durante o diálogo ou o discurso. O mais banal exemplo de argumento, desde quando os gregos estudaram lógica é: "Todo homem é mortal" "Sócrates é homem" "Portanto, Sócrates é mortal". A última das declarações é a conclusão, obtida das demais declarações, denominadas premissas. A ordem das afirmações em um argumento pode ser das mais diversas e em muitas situações há dificuldade de se descobrir o que é realmente a conclusão no meio das premissas - estudo ao qual nos dedicaremos em post mais adiante. Podemos ter como exemplo o desespero de um homem que viu o seu amigo e correu para dizer ao médico: "Doutor, meu amigo Sócrates está morrendo!" "Ele está sem respirar e teve uma parada cardíaca!". Nesse caso, a conclusão é a primeira afirmativa constatando a morte de Sócrates e as demais afirmativas sobre a parada respiratória e a parada cardíaca são as premissas que levam ao objetivo da conclusão.

Mas vamos ao que interessa, os vários conjuntos de afirmações cheios de baboseiras, ignorância, pedantismo e má-fé das ditas pessoas de fé, ou seja, vamos analisar os péssimos argumentos de que lançam mão grande parte dos religiosos. Como a quantidade de argumentos frágeis dessas pessoas é muito grande, e as consequências são várias, indo da mera ostentação de bobagens até a declaração de guerras, trarei por hora apenas três exemplos: um clássico sobre o argumento cíclico, um com mito popular retirado de um best-seller de auto-ajuda espiritual e um que prega o utilitarismo em detrimento da verdade. Vale a pena observar que há ainda as falas de religiosos que tentam persuadir, sem ao menos maus argumentos, como quando insistem autoritariamente e repetitivamente que o deus deles é o de todos ou que temos que acreditar em deus, pois ele é a origem de todas as coisas. Aos exemplos:

- Argumento cíclico: muitos religioso acreditam na Bíblia porque é a palavra de deus. Mas como sabem disso? Porque a própria Bíblia diz. Ah! E como a Bíblia não falha porque é sagrada e ela também fala que existe um deus que é onipotente e ele próprio foi que deu a luz necessária para que se fizesse a Bíblia e nós a lemos, então esse deus existe. A pobreza do argumento é avassaladora, pois, de qualquer ponto que se parta, se vai de uma premissa a ela mesma, sem acresecentar nada ao raciocínio, sem qualquer conclusão válida. Veja o gráfico que nos mostra Matt´s Notepad:


Aliás, em se tratando do deus judaico cristão da bíblia, são bastante interessantes os argumentos sobre a criação do mundo. Apesar de alguns religiosos falarem que muita coisa depende da interpretação, fica muito difícil buscar amparo em um texto que fala da criação do dia e da noite e só depois da criação do sol, nesta ordem. Mas se o religioso acreditar que houve realmente dia e noite sem sol (sic), então sua premissa pode ser aceita. Veja só essa estorinha bem humorada:



- Argumento com mito popular: os livros de auto-ajuda já são reconhecidos por repetirem clichês, às vezes reescritos de outra forma, mas com o mesmo conteúdo. Expressões que fazem apologia do pensamento positivo para se ter grande sucesso na vida ou que afirmam que usamos apenas 10% do cérebro não têm qualquer respaldo científico, mas reforçam os apelos populares. Não é a toa que tanto vendem. Quando um livro dessa qualidade junta a auto-ajuda para religiosos com a promessa de um consumo rápido para grandes questões da filosofia, como o próprio título promete em "Explicando Deus numa corrida de táxi" de Paul Arden, já pode-se imaginar as pérolas. Uma passagem desta obra quer dar a concluir que deus existe porque "quando rezamos conseguimos o que queremos". Nada mais apropriado para quem não quer se deter no simples fato de que, depois de muitos fracassos, as pessoas podem denominar sucesso qualquer coisa que aconteça depois de anos de oração. Ou seja, depois de muito tempo e esforço pessoal, oportunidades aproveitadas, ajudas de outras pessoas, melhoria das condições sociais e econômicas etc, quem recebe o crédito, dentre as várias premissas possíveis, é a oração por pura e simples declaração do autor.



Ver mais em Filosofando com o martelo.

- Argumento utilitarista: "se você acreditar na existência de deus, será feliz na eternidade. Se deus não existir nesse caso, você não perde nada. Se você não acreditar, contudo, será condenado para sempre". Esse tipo de argumentação tenta mostrar algo supostamente útil em que você só saia na vantagem, não há qualquer preocupação em se chegar a uma conclusão verdadeira. Além disso, ignora o fato de que as pessoas não mudam suas crenças imediatamente devido a algo útil. Em outras palavras, o mais que óbvio: uma pessoa não vai acreditar no que não acredita só por dizer que é crente.

sábado, 22 de janeiro de 2011

É isso... iniciando lógica e linguagem (pelo menos o essencial)

Pelo que vi nos comentários deste blog, recebi de e-mails e em outras redes, a galera parece ter compreendido bem minhas motivações: não são provar algo, mas discutir lógica e linguagem do dia-a-dia, tendo como mote principal o que as pessoas falam sobre deus e religião, seja para informar ou convencer. Sendo assim, a segunda explicação que darei, introduzindo conceitos e exemplos bem concretos da nossa experiência diária de uso da lógica, está postada agora no sentido de também denunciar e mostrar alguns incômodos trazidos no linguajar da maior parte dos religiosos. Vamos lá...

Há dois assuntos fundamentais que vejo em muitos cursos de lógica, mas que ficam dispersos no conteúdo como um todo. É importante que sejam compreendidos, antes de saber o que é uma indução, uma falácia e os modos de raciocínio, dois tópicos básicos:

1) O que é uma persuasão e uma declaração
2) A diferença entre uma declaração e uma asserção (comentarei em outro post)

1) O que é uma persuasão e uma declaração

Persuadir (convencer) as pessoas implica no mínimo alguém a ser persuadido, algo a ser feito ou entendido e alguém que persuade.

Se alguém diz:

"É preciso acreditar em Deus", pode estar querendo persuadir, mas não necessariamente está declarando um fato do mundo.
Mas se diz simplesmente "Ai, meu Deus", pode estar apenas reclamando de algo.
Se diz "Meu Deus", pode mostrar espanto.
Se diz "Pelo amor de Deus", pode estar fazendo um apelo ou ameaça. Nesse caso pode até estar tentando persuadir como empregado em frases semelhantes a "Pelo amor de Deus, pare de me perturbar!", mas não da forma lógica adequada.

Assim, persuadir implica convencer, mas não necessariamente através de um conjunto de expressões linguísticas, partindo-se de um conjunto de afirmações para se chegar a uma conclusão. Se alguém quer me persuadir, dizendo "Se você não acreditar em Deus, vai pro inferno" está procurando convencer de modo semelhante ao ladrão que diz "Se não me der a bolsa, eu te mato". Essas duas afirmações são formas de convencer mas não se baseiam em mostrar um encadeamento de frases para se chegar a uma conclusão; baseiam-se apenas em ameaça. Por outro lado, na primeira frase "É preciso acreditar em Deus", se o religioso falar isso e, em seguida não apenas ameaçar, mas desenvolver um conjunto de outras frases expressas linguisticamente de modo a chegar a uma conclusão com outra pessoa, estará usando da lógica de forma adequada.

Enfim, usar a lógica implica convencer ou persuadir, mas não é só isso; é preciso que haja um encadeamento do raciocínio expresso na língua sem o uso de apelos e ameaças, mas através de declarações, que são afirmações sobre coisas existentes no mundo.

É interessante o quanto religiosos procuram argumentar, utilizando não só de ameaças, mas distorcendo expressões de espanto como se fossem declarações reais sobre o mundo. Por exemplo, o ateu vê uma imagem inusitada de um mundo cheio de tecnologia e computação gráfica (como no filme Nosso Lar, baseado em um livro de Chico Xavier) e diz "Meu Deus". Em seguida, alguém metido a sabidão fala "Agora você acredita em Deus". Esse uso das expressões dos outros por parte de religiosos, se não for de má fé, só pode ser de uma ignorância sobre a linguagem tão sem igual, que não considera o óbvio: também quando nos espantamos e dizemos outras coisas, através de um palavrão, não estamos invocando o palavrão mencionado.

No próximo post, falarei sobre persuasão, declaração e o que as difere de uma asserção. Porém, é importante, no momento, que possamos refletir sobre algumas frases corriqueiras e compreender o que elas nos dizem na maioria dos contextos de interação. Após as frases abaixo, há alguns comentários sobre se elas são declarações ou não e como funcionam no nosso dia-a-dia.

1) "Prometo dizer a verdade, nada mais que a verdade, em nome de Deus"

2) "Amar a Deus sobre todas as coisas"

3) "Deus existe"

Comentários:
1) Essa frase não é uma declaração. É apenas uma promessa. Se depois, a pessoa não falou a verdade, o que se verifica são simplesmente expressões que não identificam fatos correspondentes no mundo real em afirmações posteriores, mas esta frase em si não é qualquer declaração sobre o mundo; é um juramento de como a pessoa se comportará. Temos também mais uma estratégia de persuadir religiosos a falarem em uma instituição jurídica diante de um tribunal, e de outras pessoas que representam a sociedade, do que a garantia de que obteremos a verdade da pessoa que vai falar. Até porque, sejam essas pessoas religiosas ou não, sempre ocorrem mentiras, deturpações, enganos, ilusões etc.

2) De modo muito claro o que temos aqui não é uma declaração, mas uma ordem. Aquele que acredita em Deus e na Bíblia deve obedecer esta ordem incontestavelmente. No cotidiano, mesmo havendo esse pressuposto, é comum que pessoas religiosas falem sobre deus, mas demonstrem mais amor no se dia-a-dia a várias outras coisas. A persuasão é originada da autoridade que é atribuída à Bíblia, o "livro de deus", no qual estão os dez mandamentos e este é o primeiro. Na vida real, as práticas variam muito, pois se fala que todos os dez mandamentos devem ser obedecidos, mas alguns como o de "não tomar o santo nome em vão", "guardar domingos e festas" ou "não cobiçar a mulher do próximo" são relativizados e esquecidos de acordo com a sociedade e a cultura local. De todo modo, muitos religiosos interpretam que se você falar "Meu Deus!" poderá estar invocando o nome santo em vão. É mais uma ignorância, misturando declarações com exclamações, como já foi falado anteriormente.

3) Aqui temos uma declaração, mas se ela é verdadeira ou falsa, se a verdade ou a falsidade dela pode ser investigada ou argumentada logicamente são tópicos que veremos na próxima postagem. Nesse caso, a persuasão poderá vir com uma ameaça posterior ou uma tentativa de argumentar e mostrar indícios que provem a verdade da afirmação no mundo real.

Espero que nesta postagem tenha ficado claro como funcionam as declarações e as persuasões... abaixo algo do que vamos falar sobre asserções (declarações com um valor de verdade) e como religiosos tentam persuadir com argumentos utilitaristas:

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

É isso... por que sem deus?

Neste blog, vou falar da importância da possibilidade de não existir deus e, principalmente, do quanto tem sido incômoda, grosseira, estúpida e irracional a maioria das atitudes dos religiosos. Não estou aqui para provar nada em relação a existência de deus. A questão aqui é posta no plano material, humano, visível e sensível do qual qualquer um de nós parte, seja um crente em deus ou não.

Esta minha posição não é uma revolta, mas uma constatação. "Ter que" acreditar em um deus é muito impositivo. Mas por que "sem deus"? Há muitas respostas e os recursos que trarei aqui para discutir serão de análises, na maior parte das vezes simples, do linguajar do dia-a-dia e de uma lógica básica. A primeira questão é: por que temos que acreditar nesta lógica única, tratando-se no caso da visão monoteísta cristã?

Acreditar faz com que alguma coisa exista? E papai-noel quando acreditado por uma criança? E os deuses de outras religiões nos quais não acreditamos? Por que só a nossa religião é que, acreditada, faz com que essa entidade divina tenha alguma existência?

Falar, dizer, escrever faz com que algo exista naturalmente? Quantas vezes dizemos e mudamos o que falamos? Quantas escrevemos e reeescrevemos o que foi registrado? Por que nos "escritos religiosos" temos que admitir uma verdade acima de qualquer outra, se o que foi escrito foi propagado por várias pessoas e em épocas e locais diferentes?

Vejamos um pequeno exercício da "lógica divina". Se foi deus que criou todas as coisas, ele seria A CAUSA única. E as outras lógicas e modos de dizer existentes? Os efeitos que viram causas, as lógicas da experiência, as várias formas de indução (com base em exemplos quantificados no mundo) e dedução (com base em afirmativas ou premissas para se chegar a uma conclusão), as lógicas abdutivas (com base em vários fatos para se chegar na montagem de uma solução) - essas e várias outras formas de raciocinar e dizer sobre o mundo não valem quando se trata de deus?

O dizer ou linguajar sobre deus é autoritário, perverso, não admite qualquer contra-posição. Assume sua lógica e... acabou. Veja a imagem abaixo do blog UNA, através da qual podemos intuir uma realidade bem clara do dia-a-dia, entendendo o quanto religiosos exigem algo que tem que estar relacionado a sua CAUSA ÚNICA.